Imagens de ressonância magnética revelam correspondência entre conexões do córtex pré-frontal e desempenho intelectual
Por meio de imagens de ressonância magnética, pesquisadores americanos e
eslovenos identificaram a correspondência entre a atividade de uma área
específica do cérebro, o córtex pré-frontal, e a inteligência de uma pessoa. De acordo com o estudo, publicado no periódicoNeuroscience, o número e a frequência de conexões cerebrais nessa região é maior em pessoas com melhor desempenho intelectual.
Cientistas já haviam relacionado uma variação de até 6,7% na
inteligência de uma pessoa ao tamanho de seu cérebro e de até 5% às
atividades neurais no córtex pré-frontal. A nova pesquisa foi mais longe
e identificou que a frequência da atividade no lado esquerdo do córtex
pré-frontal (atrás da testa) responde por uma variação de até 10% do
desempenho intelectual.
Para desenvolver a pesquisa, o neurocientistas Michael W. Cole, da
universidade de Washington, tomou por inteligência a capacidade de uma
pessoa resolver problemas de lógica em situações inusitadas,
independentemente do conhecimento adquirido. “A inteligência depende de
dois fatores: ter um córtex pré-frontal que faça bem o seu trabalho e
fazer com que ele se comunique bem com o resto do cérebro”, diz Todd
Braver, da universidade de Washington, coautor do estudo, feito em
parceria com cientistas das universidades americanas de Colorado, Yale e
de Liubliana, na Eslovênia
Central de distribuição - De
acordo com os cientistas, uma possível explicação é que o córtex
pré-frontal atua como se fosse uma central de distribuição de dados,
monitorando e influenciando outras regiões do cérebro. “Há evidências de
que a parte esquerda do córtex pré-frontal é a responsável por nos
ajudar a manter o foco”, diz Cole.
Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores realizaram vários
testes com voluntários. Primeiro, fizeram a ressonância magnética do
cérebro enquanto eles descansavam. Depois, fizeram mais uma captação de
imagens das atividades neurais enquanto eles eram submetidos a diversos
desafios mentais, como os testes de lógica. Depois, compararam os dados a
testes adicionais de inteligência e controle cognitivo. Os resultados
mostraram elevadas taxas de conexão entre o córtex pré-frontal esquerdo e
o restante do cérebro quando os voluntários foram submetidos aos testes
de inteligência. Assim, concluíram que atividades neurais intensas
nesta região são um indício de maior capacidade para detectar e resolver
problemas.
Segundo Cole, a descoberta pode oferecer novos caminhos para compreender
como as interferências nessas conexões cerebrais contribuem para o
déficit de controle cognitivo em casos de doenças mentais, como a
esquizofrenia.